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03 novembro 2016

Poema social

Levantei os olhos para aquele monte de cachorros que atravessavam a avenida
- grandes, fracos, famintos, olhos caídos espreitando
Quase não vi os carros que atravessavam o asfalto quente do meio da manhã
- o asfalto quente do meio da rua queimando os pés famintos dos cachorros
Uma matilha 
pensei assim que vi o monte de cachorros
Mas matilha imagino um grupo unido sem disputa
Eles estavam farejando a melhor caça com caras de não quererem dividir nada
Fiquei olhando por um tempo não medido
Os cachorros passaram 
sumiram
no fim da rua
Quando voltei a olhar para o lado real da avenida lá estavam outros
famintos seres com os mesmos olhares famintos e cansados também em grupo sem dividir nada além da fome e da tristeza
- um deles tinha um violão e uma canção
- outra, duas crianças sem esperança
Homens mulheres jovens e velhos
Olhei em volta procurando um canto pra pensar e escrever um poema de cunho social e me dei conta de como é utópica e inútil essa ideia

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